Universo Jumanji: Comparações Possíveis

Um “reboot” de Jumanji (1995) foi lançado no Brasil em 4 de janeiro de 2018. Jumanji: Bem-vindo à selva, faz uma cômica “modernização” do clássico estrelado por Robin Willians, cujo nome vem de um jogo de tabuleiro mágico que faz as situações do jogo ganharem vida. Nessa nova versão do filme, o jogo de tabuleiro se transforma em um Nintendo 64 que suga um jogador desavisado para dentro de seu universo.

Para quem não assistiu ao filme original – um queridinho da sessão da tarde –  ele conta com o gênero aventura / fantasia, alguns momentos de comicidade e drama. Muito aclamado pela crítica, o longa se inicia por volta de 1969 quando Alan Parrish (guarde esse nome) encontra o jogo enterrado a 100 anos por dois garotos assustados e convida sua amiga Sarah para jogar, durante o jogo alguns eventos estranhos acontecem e Alan é levado para dentro do jogo até que algum outro jogador tire cinco ou oito nos dados. Sarah fica apavorada e foge. Ela é considerada louca quando conta o que houve para as pessoas.

Passados 26 anos, uma família compra a antiga casa dos Parrish e as duas crianças da família, Judy e Peter, encontram o tabuleiro e continuam o jogo, libertando Alan. No entanto, eventos estranhos advindos do jogo acontecem e eles descobrem que só terminando o jogo para tudo voltar ao normal.

Universo Jumanji: Comparações Possíveis

Universo Jumanji: Comparações Possíveis

Visto como uma “continuação tardia” de Jumanji, Jumanji: Bem-vindo à selva, é um filme de ação, comédia, fantasia e aventura, que é, no geral, uma obra independente fazendo algumas referências ao filme de 1995.

O filme se inicia em 1996, quando um homem encontra o tabuleiro na praia e o leva para seu filho Alex, que rejeita o objeto, o tratando como obsoleto. Durante a noite o jogo de tabuleiro se transforma em uma fita de Nintendo 64 e chama atenção do menino com o clássico rufo dos tambores. Alex resolve jogar e acaba tendo o mesmo destino de Alan no primeiro filme, sendo essa a primeira referência marcante.

Como no primeiro filme, o tempo passa e o vídeo game Jumanji é encontrado numa escola por 4 alunos que foram para a detenção. Estes resolvem jogar e escolhem seus avatares, quando apertam para iniciar todos são puxados para dentro do jogo.

A crítica ao longa de 2018 girou em torno da característica dos atores principais por serem comediantes de besteirol e por não ser uma continuação digna de um filme da magnitude do primeiro.

Pensando logicamente, querer que um filme estrelado por Robin Willians e Kirsten Dunst, e um filme estrelado por Dwayne “The Rock” Johnson, Jack Black e Kevin Hart tenham o mesmo gênero, estilo ou ainda a mesma linha de história é uma ideia um tanto quanto absurda. São atores conhecidos por trabalhos diferentes. Por isso a direção do filme trabalhou a ideia e aproveitou a habilidade dos atores selecionados.

Entretanto, a escolha dos atores e a alteração no gênero não diminui por si só a qualidade do filme. Apesar do vilão que não oferecia risco algum aos heróis e que foi jogado despropositalmente no roteiro aparentemente como um tapa buracos; de alguns dos atores dos avatares que representavam os adolescentes não conseguirem trazer a personalidade dos mesmos para a interpretação; e uma mistura de efeitos especiais absurdos e realistas sem qualquer equilíbrio; é um filme divertido e engraçado, sem muita profundidade, mas perfeito para um domingo à tarde em família.

Universo Jumanji: Comparações Possíveis

Universo Jumanji: Comparações Possíveis

[SPOILER ALERT] É claro que não podemos tratar injustamente alguns trabalhos especialmente brilhantes como o de Jack Black que interpretou o Prof. Shelly Oberon, o avatar de Bethany, que teve que atuar como uma garota adolescente no corpo de um homem com “muitas curvas”; e Karen Gillian, que interpretou com maestria uma adolescente tímida no corpo de uma mulher adulta sexualizada pelo jogo, a sua atuação se mostrou até nos momentos isentos de fala, apenas com a expressão corporal era possível notar o incomodo da garota adolescente naquela situação inusitada. Dwayne Johnson se manteve mediano nesse sentido, ele conseguiu trazer a ideia do adolescente nerd para o corpo do sarado Dr Smolder (ardente) Bravestone, porém utilizou-se de inúmeros ganchos para isso, a atuação soou um tanto forçada.

Ao contrário de Jack Black e Karen Gillan, Kevin Hart e Nick Jonas trouxeram aos avatares personalidades próprias e muito desligadas dos seus personagens originais. O avatar Moose Finbar (Kevin Hart) perdeu boa parte da característica de adolescente valentão que Fridge (Ser’Darius Blain) tinha e se mostrou já como um adulto bebendo com naturalidade e reclamando de tudo. O avatar piloto (Nick Jonas) não trouxe absolutamente nenhuma característica do pouco que conhecemos de Alex no início do filme, ele usou apenas ganchos no diálogo para que a ligação entre eles fizesse sentido, como dizer que era “metaleiro” e usar vocabulário e referências dos anos 90, o que acabou revelando que estava preso no jogo a 20 anos.

Talvez o tempo que Alex ficou preso no jogo possa ter modificado sua personalidade e que naquele momento ele seja mais o avatar do que o menino por trás dele. Apesar de pouco provável, seria uma grande sacada do diretor para contornar esse furo na atuação, uma vez que Nick Jonas não conseguiu fazer referência nem ao Alex adolescente muito menos ao adulto que aparece no fim do filme. Neste último só percebemos a ligação pela camiseta do Metallica (que ficou bem estranha) e pela frase: “Tô felizão em ver vocês! ”, que ele repetiu forçadamente quando encontrou os meninos no jogo e fora dele.

Um ponto positivo que é importante ressaltar foi o upgrade do tabuleiro para o virtual, apesar do Nintendo 64 já ser considerado antigo para a época em que foi encontrado pela segunda vez, por volta de 2016. A direção foi extremamente inteligente pois essa atualização permitiu a abertura de um universo oculto do filme. A partir dessa ideia, o diretor entrega exatamente o que o público queria: conhecer a floresta em que Alan Parrish esteve preso por 26 anos. Para isso, ele usa brilhantemente a referência da casa do aviador, que explica que a casa teve um morador antes dele, quem a construiu e deixou seu nome entalhado na madeira, para nossa supressa o nome que está lá é: Alan Parrish! Baw!!! Explosão da mente!!! A casa que hospeda os heróis desse filme foi construída por Alan 46 anos antes!

Outra ideia que trouxe bastante verdade para o universo do vídeo game foi o contador de vidas. Quem é gamer com certeza reconheceu na primeira morte, antes mesmo dos personagens, que aquela tatuagem não estava ali sem uma razão. Cada avatar tinha uma tatuagem com o desenho de 3 linhas pretas, cada vez que morriam uma das linhas desapareciam, se todas as linhas desaparecessem era Game Over, ou Fim de Jogo em tradução livre, ficariam presos no universo de Jumanji para sempre.

O filme aproveita esse momento para trazer também uma reflexão sobre como usamos a nossa vida, que é só uma. Será que estamos aproveitando a vida como a única que temos ou vivemos achando que temos vidas infinitas? Será que se privar de muitas coisas em favor dessa vida única é realmente viver? Ou ainda, parafraseando o diretor da escola Bentley: “ O que somos agora? E o que queremos ser?” Será que precisamos ir para uma sala de detenção para refletir? Esses filmes trazem uma ótima oportunidade para refletir e se divertir com a família. Hoje é um bom dia para assistir Jumanji e Jumanji: Bem-vindo à selva.

 

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