Ao falar em Penny Dreadful é preciso falar, em primeiro lugar, que a abertura já é super intrigante, pois ela parece aleatória e desorganizada ao primeiro olhar, mas na verdade ela é quase uma bússola da série.

Insetos, suturas em pele humana, crucifixos, escorpiões, cartas de tarô, aranhas, flores, pingos de sangue, cobras, lobos, morcegos, e alguns dos personagens âncora em cenas que posteriormente veremos dentro do enredo da série, e que nos farão entender, posteriormente também, o porquê da sequência das imagens na abertura ser organizada daquela forma.

Agora falando sobre o episódio piloto: Ele já chegou para mostrar que a série não está para brincadeira. Os roteiristas, definitivamente, não escreveram pensando em um público mais infanto-juvenil, ou naquele tipo de público que gosta de “pastelices”, ou de terror para tomar sustos e pular na cadeira…

o clímax da história finalmente chega e, meus amigos, estoura o coração de qualquer um!

Depois da usual apresentação inicial dos personagens âncora: Mr. Chandler, Ms. Ives, Mr. Malcolm e de seu mordomo (que ainda não sabemos o nome), e do Dr. Frankenstein, que todo seriado comumente faz em seus episódios pilotos, a trama nos leva a conhecer um pouco mais sobre a localização do tempo e espaço onde se passa a história. E então começamos, aos pouquinhos, entender que existe um pouco de mistério em cada personagem e que há muito a ser descoberto ainda nos próximos sete episódios que virão.

Os personagens âncora vão se reunindo ao decorrer da trama, a curiosidade do espectador vai aumentando, até que o clímax da história finalmente chega e, meus amigos, estoura o coração de qualquer um! É totalmente inesperado! Você realmente não está preparado para o que acontece.

A reviravolta no episódio é muito forte e muito grande, e essa é a parte mais admirável. Pois, até certo momento, você acreditava que se tratava de uma história de suspense, talvez até com uma pitadinha de investigação policial, visto que os personagens âncora estavam reunidos para encontrar uma pessoa desaparecida. Mas de um minuto para outro as coisas tomam um rumo completamente inesperado, e aí sim começa a real trama de Penny Dreadful. E nós, ingênuos, só nos damos conta disso quando estamos lá pelo terceiro episódio da série.

Sabe aquela sensação de ter sido enganado mas achar tão brilhante que não é nem capaz de ficar bravo? Penny Dreadful faz isso com você, e você adora! Prepare-se.

ATENÇÃO! SE VOCÊ NÃO ASSISTIU AO EPISÓDIO, NÃO LEIA OS PARÁGRAFOS ABAIXO, POIS CONTÉM SPOILER

Dr. Frankenstein realizando autópsia no vampiro. Foto: Penny Dreadful Blog

A não ser que você, assim como eu, adore um spoiler. Neste caso, leia e divirta-se.

enquanto assistia às cenas, quase conseguia sentir o cheiro de podre através da televisão!

Quando Ms. Ives, Mr. Malcolm e Mr. Chandler descem ao submundo, é impossível não perceber a fortíssima influência de Matrix nos três vampiros que guardam as portas da entrada da masmorra do “mestre”. E ali começa a emoção! A total separação que foi feita entre o mundo “superior” e o mundo “inferior” foi incrível. Os personagens realmente entram em um novo mundo para tentar salvar Mina, a filha de Mr. Malcolm que foi raptada por uma criatura do submundo – que nas próximas cenas descobrimos ser um vampiro com garras enormes e dentes ainda mais enormes e terríveis! – e precisa ser resgatada.

Após conseguir passar pelos vampiros que faziam guarda na entrada, o trio se vê no interior de um lugar absolutamente inóspito, bizarro, com pilhas de corpos mortos, sangue por todo lado, sem iluminação, coberto por ratos e insetos de todos os tipos. Sem esquecermos que isso é o século XIX, ou seja, o sistema de saneamento das cidades é inexistente. O que já era ruim, ali embaixo é ainda pior.

Um adendo: Preciso dizer que eu, enquanto assistia às cenas, quase conseguia sentir o cheiro de podre através da televisão! Realmente, as imagens eram horrorosas (ponto para o time da Show Time na direção de arte).

O ponto alto de adrenalina do episódio é, sem a menor dúvida, a cena em que o vampiro mestre se levanta do meio de um monte de corpos despedaçados e ensanguentados para atacar o trio de intrusos, literalmente, com unhas e dentes, mas acaba sendo apunhalado pelas costas e morto.

Cena do vampiro se levantando em meio aos corpos. Foto: Gloucestershire Echo

E o ponto alto de atenção do episódio é quando, após Dr. Frankenstein fazer a necropsia no corpo do vampiro e descobrir que existem hieróglifos por baixo de sua pele, Ms. Ives e Mr. Malcolm levam imagens desses hieróglifos para um estudioso da área que lhes assegura que trata-se do Livro dos Mortos da mitologia egípcia. Porém, ele fica nervoso ao ver as imagens, e diz que este é um assunto de máxima importância, que deve ser mantido em sigilo e que não deve ser tratado ali, mas em um local privado. Isto deixa tanto os personagens quanto nós, espectadores, bastante desconfiados e cheios de perguntas não respondidas.

E ainda mais, superando todas as expectativas, ao final do episódio, Dr. Frankenstein “dá luz” à sua cria, em uma cena linda e emocionante, totalmente destoante de todo o episódio, tanto na questão estética, quanto na questão do próprio roteiro.

A delicadeza da cena e o cuidado com que ela foi composta foram geniais. Em meio a todo ambiente sombrio, assustador e terrível do episódio, esta única cena tinha luz, tons quentes e uma trilha sonora emocionante. Frankenstein colocou no mundo um homem ingênuo, com olhos ingênuos e curiosos, e que, diferentemente de todos os outros personagens deste episódio, sorri.

E meus amigos eu digo: Vocês precisam assistir aos próximos episódios para ver o que vai ser do futuro desse homem!

Por fim, infelizmente, ainda não é dessa vez que Mina volta para casa. Ainda não é dessa vez que a gente consegue descobrir qual é a relação de Ms. Ives com Mr. Malcolm – que inicialmente parecia amante, depois filha, depois amiga, e agora não se sabe mais o que parece. Mas eu garanto: Nos próximos episódios tudo será esclarecido.