Como estará o mercado da música em cinco anos?

Desde o começo da era digital em 1999, com a introdução do Napster, a indústria de discos acompanhou um declínio assustador em seus lucros, saindo de 14 bilhões para pouco mais de 7 em 2013 (caindo mais de 65%).

O digital, mesmo quando de graça, nunca vai substituir a experiência ao vivo

Nos últimos três anos, no entanto, o declínio não foi tão acentuado assim. Os serviços de streaming começaram a pegar, especialmente o Spotify, que repassa aproximadamente 60% dos lucros para as gravadoras. Pandora, a companhia de rádio online mais influente dos Estados Unidos, tem mais de 70 milhões de usuários ativos e dá, em retorno, metade dos lucros para as gravadoras.

A pergunta é: será que o streaming vai ajudar o mercado a alcançar sua glória passada? Provavelmente não.

Infelizmente, mesmo que os serviços de streaming ganhem cada vez mais adeptos ou gerem mais lucros, a internet e os apps (incluindo aqueles que permitem baixar música do youtube) tornam tão fácil conseguir música de graça – especialmente para os jovens, acostumados a não pagar por ela – que a indústria provavelmente nunca vai voltar ao sucesso financeiro de antes.

Como vai estar o mercado da música em cinco anos

Como vai estar o mercado da música em cinco anos / Foto: Reprodução / Cult of Android

Ao mesmo tempo, vivemos essa contradição, uma vez que os lucros (de apresentações, royalties e uso em comerciais) permanecem estagnados. Apesar do lucro de shows ter aumentado, o de vendas diminuiu.

Paradoxalmente, a única parte da indústria que está fazendo mais sucesso que antes da internet é a das apresentações ao vivo. Turnês lideradas por grandes nomes, como U2, Lady Gaga, Beyoncé e Jay Z, ganham fácil mais de cem milhões e DJs “celebridades” fazem fácil mais de um milhão por cada aparição em um festival. O digital, mesmo quando de graça, nunca vai substituir a experiência ao vivo, mesmo que os ingressos custem o olho da cara.

A Billboard prevê que, no futuro, os ganhos com gravações e distribuição de música continuem estagnados ou até subam um pouco. Por outro lado, as turnês e shows devem gerar cada vez mais lucro entre casa de show e promoters. Infelizmente, a grana alta vai continuar centrada nos maiores nomes da indústria.

Para artistas novos e independentes, a tecnologia digital continua sendo uma via de mão dupla. Qualquer um pode produzir e gravar um álbum de um laptop e dividir sua criação pelo Soundcloud ou Reverbnation, mas quem realmente ganha dinheiro com isso é aquele que faz o intermédio entre artista e ouvinte, como o Facebook ou o iTunes.

As empresas permitem que os artistas tenham reconhecimento mundial, mas não retribuem com nenhuma das vantagens que as gravadoras ofereciam. Nenhuma dessas companhias paga os custos de gravação, incluindo produtores renomados, por exemplo. Também não ajudam na hora de gravar um clipe bom ou levar as músicas às rádios, arranjar aparições na TV e, ainda mais importante, dar a estabilidade necessária para largarem os outros empregos.

Artistas independentes serão levados a se utilizar dessas “ferramentas” digitais, apesar de não receber nenhuma garantia para chegar a “um novo patamar”. Pelo menos, as grandes companhias ofereciam algum dinheiro – e não o contrário.

A era digital, por outro lado, criou oportunidades reais – mas essas oportunidades são mais vantajosas para empreendedores que para os próprios músicos. Dr. Dre e Jimmy Iovine, por exemplo, lançaram o Beats Music no começo de 2014; ninguém apostava muito na ideia. Poucos meses depois, venderam o serviço (junto com o headphone bem rentável) para a Apple por três bilhões.

A tecnologia está evoluindo e as oportunidades emergem tão rápido quanto as mudanças. Exceto pelo fato de que a maior parte dessas oportunidades está a favor de empresários e grandes celebridades e não de artistas independentes.

Fonte: Billboard

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